Sexta-feira, 9 de Julho de 2004
A hepatite C é uma doença do fígado adquirida pelo contacto com o sangue infectado. É causada pelo vírus HCV, conhecido anteriormente como vírus não A / não B. Foi descoberta e identificada recentemente (1989) e a sua forma de actuar ainda é conhecida apenas por um reduzido número de médicos. Por ser uma doença geralmente assintomática, e devido a esse relativo desconhecimento por parte dos médicos, derivado da falta de actualização profissional, a hepatite C deixa, frequentemente, de ser diagnosticada e tratada nos pacientes.
É comum escutar-se de um médico que determinado exame deu resultado positivo, provavelmente, por causa da presença de anticorpos, no caso de pacientes que já tiveram hepatite A ( a mais comum e conhecida ), e que podemos ficar tranquilos pois, não havendo nenhum dos sintomas das hepatites tradicionais, isso indica que o paciente está saudável. Ledo e grave engano do profissional que, por falta de conhecimento ou actualização, manda o paciente para casa com uma grave doença assintomática.
Médicos desactualizados ainda acreditam que todos os doentes de hepatite ficam extremamente cansados, com pele, olhos e urina amarelos. Na ausência desses sintomas, cometem o erro. Talvez, este desconhecimento dos médicos venha a transformar-se num dos maiores problemas que os sistemas de saúde em todo o mundo terão de enfrentar no futuro.
A hepatite C é perigosa pois, em 85% dos casos, torna-se crónica, podendo evoluir para uma provável cirrose ou cancro no fígado. O período de evolução da doença é estimado em 20 a 30 anos, sendo que cada organismo reage de forma diferenciada. Este prazo depende também dos cuidados e do modo de vida do paciente.
Estima-se que cerca de 150 mil portugueses estejam contaminados. Entretanto apenas 20.000 casos estão diagnosticados.
O país com maior incidência é o Egipto, com mais de 15% da população contaminada. Os Estados Unidos tem 2% da sua população infectada. No mundo, aproximadamente 200 milhões de pessoas estão contaminadas, o que torna a hepatite C a maior epidemia da história da humanidade. O principal problema é que mais de 90% dos infectados desconhecem estar doentes, podendo contaminar outras pessoas e, pior ainda, não adoptando nenhum tratamento.
Actualmente, a maior causa para a indicação de transplantes de fígado são os casos de cirrose derivados da hepatite C. O tratamento da hepatite C não é o ideal ( longo e muitas vezes com efeitos colaterais complicados ), porém, já consegue eliminar o vírus aproximadamente 80 % dos tratados, o que representa a cura nestes indivíduos. Felizmente, nos últimos anos houve avanços consideráveis e há muitos tratamentos promissores em fase de pesquisas. Ainda que a doença permaneça incurável em cerca de 20% dos tratados, muitas pessoas com hepatite C crónica mantêm vidas totalmente normais e, na sua maioria, não apresentam sintomas.
Estima-se que dentro de cinco a dez anos surja uma vacina, trazendo a cura total ou o controle da hepatite C.
Conselhos aos portadores: Procure um médico especializado em hepatite C. Continue com a sua rotina diária durante o tratamento. Leia tudo o que puder sobre a doença. Mantenha uma atitude positiva. Procure grupos de apoio: você precisa saber que não está sozinho nesta luta!